Cartas a Paulo Freire Escritas por quem ousa esperançar
Main Author: | Cidoval Morais de Sousa |
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Format: | Book Journal |
Bahasa: | por |
Terbitan: |
, 2021
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Subjects: | |
Online Access: |
https://zenodo.org/record/5525197 |
Daftar Isi:
- Se o diário representa a declaração mais íntima em registro escrito, feito pela pessoa para espelhar no papel seus sentimentos em ebulição, a carta diz respeito ao diário compartilhado. Escrevê-la é um ato de entrega, de encontro com alguém. E quando ela se destina a muitos, como carta aberta, adquire o caráter de imersão de um sobre o coletivo, de entrega a causas, de notas emitidas por instrumentos diferentes afinadas em harmonia. O que Paulo Freire fez ao escrever a “Carta aos Professores” foi tentar construir um ambiente dialógico, de parceria e igualdade. Não se trata de Manifesto, mas de Carta, quer dizer, da relação comunicativa que possui intimidade entre seus interlocutores. Esta só se escreve para quem se conhece e possui empatia, afeto, não é impessoal ou categórica, mas empática, provocativa, incompleta. Nesse caminhar de mãos dadas, entre ensinantes, cabe a cada um a tarefa do preparo, pois não se ensina o que não se sabe. A condição de professora e professor exige uma postura ética, política, profissional para estarem prontos para tal condição, ao exercício permanente de se colocar como aquele que sempre aprende e estuda. A “Carta de Paulo Freire” nos provoca ao exercício compartilhado de ler o mundo, de criticá-lo naquilo que ele tem de mais injusto. Enquanto espaço institucionalizado, de fazer acadêmico, quer dizer, que diploma pessoas em formações específicas, qual tem sido o papel da UEPB diante da provocação freiriana? Mais ainda, neste cenário de adoecimento, de dúvidas sobre a própria prática docente em meio à grave crise de saúde provocada pela pandemia do coronavírus, como deve estar orientada nossa postura profissional e em qual horizonte de esperança? Uma coisa é certa, o fato de construirmos coletivamente uma obra (“Cartas a Paulo Freire”) em comemoração ao seu centenário sinaliza que compomos, de maneira comprometida, aquele grupo ao qual ele endereçou sua Carta. Em outras palavras, ao escrevermos para ele, fazemos o caminho inverso, de responder ao chamado, forjando o vínculo empático, a base solidária entre ensinantes que aprendem na caminhada. No contexto em que vivemos, no interior do Nordeste, nosso compromisso deve ser aquele mesmo que induziu a formação institucional da UEPB. Qual seja, o de contribuir como parte importante no processo complexo de mobilidade social em um ambiente tão desigual e excludente, com destaque para as pessoas mais vulneráveis socialmente. Uma universidade aberta para todos, mas preferencialmente orientada aos mais pobres. É isto que a obra “Cartas a Paulo Freire” representa: uma resposta ao mestre, como continuadores de novas “Quarenta horas de Angicos”. Prof. Dra. Célia Regina Diniz1 Reitora da UEPB Publicação EDUEPB disponível no site: http://eduepb.uepb.edu.br/e-books/