OCORRÊNCIA DA ESPÉCIE EXÓTICA LITOPENAEUS VANNAMEI NO COMPLEXO ESTUARINO-LAGUNAR DE CANANÉIA-IGUAPE-ILHA COMPRIDA
Main Author: | Edison Barbieri |
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Format: | Proceeding Journal |
Terbitan: |
, 2020
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Subjects: | |
Online Access: |
https://zenodo.org/record/3661039 |
Daftar Isi:
- Várias são as conseqüências da introdução de espécies alóctones e exóticas no ambiente aquático, podendo ocorrer extirpação, predação, e exclusão pela competitividade com as espécies nativas, bem como a hibridação (1), causando impactos ao ecossistema e problemas à pesca em geral. São consideradas espécies exóticas os organismos ou materiais biológicos (sementes, ovos, espóros..etc) capazes de propagar animais e plantas e que tenham entrado em um ambiente onde antes não existiam. Os estudos sobre espécies exóticas têm acompanhado o homem ao longo de sua história (2). Porém, os problemas causados pela invasão de espécies exóticas vêm aumentando e estão começando a se tornar um fenômeno com conseqüências ao nível mundial (3). A alta freqüência de invasão está associada em grande parte às atividades humanas (2), como o transporte e introdução acidental através de água de lastro de navios, ou resultado de fuga de espécimes provenientes da aqüicultura mal planejada. Pelos motivos expostos, a comunidade científica tem se voltado, nos últimos anos, para a questão da introdução de espécies exóticas, em função dos impactos ecológicos e econômicos decorrente da invasão de vários ecossistemas, por animais e plantas exóticos (4). Porém a questão das invasões biológicas já ultrapassa os interesses acadêmicos, tornando-se, em alguns casos, uma questão de saúde publica (5). O camarão Litopenaeus vannamei (Boone, 1931), nativo do Pacífico leste foi trazido para o Rio Grande do Norte em 1981 para fins de cultivo em viveiros (6), porém não apresentou bons resultados durante anos. Somente a partir do início da década de 90, a espécie começou a apresentar resultados positivos passando a ser cultivada ao longo de praticamente toda a costa brasileira. Segundo dados da ABCC (Associação Brasileira de Criadores de Camarão), em 2003, a produção brasileira de camarões marinhos cultivados no país foi de 90.190 toneladas numa área de 14.824 hectares (7). Por questões de logística, os viveiros de camarões marinhos localizam-se quase sempre junto à costa, freqüentemente em áreas de manguezal. Não raro, por ocasião das despescas ou do rompimento dos diques de contenção, quantidades indeterminadas de indivíduos acabam escapando dos tanques de cultivo e invadindo o ambiente natural (8). No complexo estuarino-lagunar de Cananéia-Iguape-Ilha Comprida existe um produtor cultivando a espécie L. vannamei em viveiros, o que vem gerando conflitos com pescadores artesanais da região, em virtude da utilização da espécie exótica como isca-viva na pesca amadora, concorrendo com a pesca do camarão barnco nativo (P. schmitti) por este mercado. Além disso, é preocupante a possibilidade de ocorrência de escapes do camarão exótico no meio ambiente e da transmissão de doenças às espécies de camarões nativos na região.